terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O que fazer com nossa ortografia ?




Tenho muita  fama nas redes sociais pela intolerância aos erros de ortografia e uma postagem recente no Facebook me impulsionou a esse desabafo.


Como  é irritante!
Felizmente tenho vários comparsas nessa busca incessante da boa escrita.

Outro dia, um jornalista conhecido postou uma frase no Facebook com o verbo enxergar escrito com “CH”. Juro que tentei enxergar com “ch” mas meu cérebro não assimilou a informação.

De outra feita, uma doutoranda também postou algo  imperdoável :    “ derrepente”.
Perceberam , notaram, observaram? Eu disse doutoranda.
Foi isso mesmo que vocês leram: doutoranda . “Derrepentemente”  receberá seu título de Doutora.

Trocando figurinhas no whatsApp  soube por uma juíza amiga minha que um determinado advogado protocolou uma petição preocupado com o “ânus” da prova. Aqui não se pode nem questionar erro de digitação porque a letra ”a” está bem longe da letra “o” no teclado. Ou estaria subliminarmente ofendendo a magistrada?

Também no whatsApp fiquei sabendo notícias de uma advogada de outro Estado que estava profundamente aborrecida com um Promotor de Justiça porque ele encerrou seu parecer com a abreviação  SMJ e, a nobre causídica entendeu , na sua ignorância, que a abreviação   significava  Sua Majestade  Justa”.
Lembrando o que é SMJ: S.M.J. (ou s.m.j) é uma abreviação usada no meio jurídico cujo significado é “salvo melhor juízo”. É colocada tradicionalmente logo abaixo da conclusão de um parecer, por exemplo, usando a frase “s.m.j. é o parecer”.

O que me deixa profundamente consternada é que as redes sociais e programas de digitação de textos em geral (observa-se bem no Facebook e no word)mostram ao usuário o erro de ortografia sublinhando a palavra escrita de forma errada para que seja corrigida.

Será que o usuário não percebe ou imagina que está sendo premiado com o sublinhado?

Evidente que não posso exigir de outras pessoas o privilégio que tive de estudar em excelente colégio onde a ortografia era exigida e cobrada de forma absoluta. Mas não posso relegar a segundo  plano que a boa escrita é fundamental. Ela não agride, não ofende.

É muito triste essa situação. A educação brasileira no fim do túnel sem nenhuma iluminação.

Não falo aqui em concordância verbal ou nominal,  bom uso da conjugação dos verbos ou o uso dos “porquês”. Me preocupo, a princípio,  apenas com a ortografia. O restante é exigir demais de um povo que pertence a famosa “ Pátria Educadora”.

O que fazer? Alguma sugestão?

Em tempo: quando você conseguir enxergar com “ch” me ensine como se faz.


Um comentário: