Tenho muita fama nas redes sociais pela intolerância aos erros de
ortografia e uma postagem recente no Facebook me impulsionou a esse desabafo.
Como é irritante!
Felizmente tenho vários comparsas
nessa busca incessante da boa escrita.
Outro dia, um jornalista
conhecido postou uma frase no Facebook com o verbo enxergar escrito com “CH”.
Juro que tentei enxergar com “ch” mas meu cérebro não assimilou a informação.
De outra feita, uma doutoranda
também postou algo imperdoável : “
derrepente”.
Perceberam , notaram, observaram? Eu disse doutoranda.
Foi isso
mesmo que vocês leram: doutoranda . “Derrepentemente” receberá seu título de Doutora.
Trocando figurinhas no whatsApp soube por uma juíza amiga minha que um
determinado advogado protocolou uma petição preocupado com o “ânus” da prova.
Aqui não se pode nem questionar erro de digitação porque a letra ”a” está bem
longe da letra “o” no teclado. Ou estaria subliminarmente ofendendo a
magistrada?
Também no whatsApp fiquei sabendo
notícias de uma advogada de outro Estado que estava profundamente aborrecida
com um Promotor de Justiça porque ele encerrou seu parecer com a abreviação “SMJ”
e, a nobre causídica entendeu , na sua ignorância,
que a abreviação significava “ Sua
Majestade Justa”.
Lembrando o que é
SMJ: S.M.J. (ou s.m.j) é uma abreviação usada no meio
jurídico cujo significado é “salvo melhor juízo”. É colocada
tradicionalmente logo abaixo da conclusão de um parecer, por exemplo, usando a
frase “s.m.j. é o parecer”.
O que me deixa profundamente consternada é que
as redes sociais e programas de digitação de textos em geral (observa-se bem no
Facebook e no word)mostram ao usuário o erro de ortografia sublinhando a
palavra escrita de forma errada para que seja corrigida.
Será que o usuário não percebe ou
imagina que está sendo premiado com o sublinhado?
Evidente que não posso exigir de
outras pessoas o privilégio que tive de estudar em excelente colégio onde a
ortografia era exigida e cobrada de forma absoluta. Mas não posso relegar a
segundo plano que a boa escrita é
fundamental. Ela não agride, não ofende.
É muito triste essa situação. A
educação brasileira no fim do túnel sem nenhuma iluminação.
Não falo aqui em concordância
verbal ou nominal, bom uso da conjugação
dos verbos ou o uso dos “porquês”. Me preocupo, a princípio, apenas com a ortografia. O restante é exigir
demais de um povo que pertence a famosa “ Pátria Educadora”.
O que fazer? Alguma sugestão?
Em tempo: quando você conseguir
enxergar com “ch” me ensine como se faz.